Com gasto estimado em R$ 1 milhão, TV Câmara é alvo de críticas da população de Mauá

Após aprovada pela maioria dos parlamentares de Mauá (15 votos a 7) na última semana de outubro, a TV Câmara está em vias de implementação e é alvo de críticas de moradores e vereadores da cidade, principalmente pelos custos anuais estimados em R$ 1 milhão.
Se depender dos anseios e expectativas do presidente da Casa, Júnior Getúlio (PT), o novo canal deverá estar em pleno funcionamento no aniversário da cidade, 8 de dezembro. “Busquei conhecer as TVs legislativas de outros locais como São José dos Campos e Caraguatatuba, além da TV Alesp e Senado. Todas prezam pelo direito à informação e utilidade pública. Mauá, como uma cidade grande e carente de um canal para comunicação com a população, também deveria ter”, disse.
Ainda de acordo com ele, o valor de R$ 1 milhão ainda é estimado até porque neste primeiro momento haverá não só a contratação de mão de obra especializada, mas também a aquisição de equipamentos e logística para as transmissões. Além de transmitir as sessões e jogos da cidade, a TV também noticiaria fatos importantes. “A comunicação não é uma questão de ser barata ou cara, mas um meio de divulgar informações para a população como vagas em creches, vacinas e outras coisas. O ganho para as pessoas é muito maior.”
Não é o que pensa o assistente comercial Gabriel Criscuolo, 29 anos, que aponta a saúde como área crítica da cidade. “Moro no Oratório e aqui não tem médicos nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e faltam remédios. Quando vamos para a UPA, muitas vezes o raio-x não funciona e não temos para onde correr. Você chega a esperar 4 ou 5 horas por uma ambulância. Acho que essa TV só vai dar mais visibilidade para os vereadores sem trazer nenhuma melhoria para a população”, disse Gabriel, que também afirmou utilizar as redes sociais públicas para se informar sobre o trabalho da Câmara e da Prefeitura.
O pai de Gabriel, Francisco Criscuolo, que é motorista aposentado, fez questão de falar com a reportagem do ABCD JORNAL sobre o assunto. Aos 69 anos e há mais de 30 morando em Mauá, ele diz que sempre tem dificuldades em obter na UBS a totalidade dos remédios contínuos que a esposa toma para pressão e diabetes e faz duras críticas aos parlamentares.
“Os vereadores já ganham muito bem para inventarem mais uma coisa dessas. Faltam investimentos em educação, saúde, transporte e não tem remédio na UBS. Ao invés de fazer projetos para melhorar a cidade, eles vão ficar jogando dinheiro fora.”
O entregador André Sena, 33 anos, morador da Vila Magini, até gosta da ideia de um canal de comunicação como a TV Câmara, mas acredita que não é o momento para o investimento. “Acho que ter uma TV legislativa seria importante, só que o momento não é propício já que a cidade enfrenta ondas de assalto e falta de segurança nos bairros. Acho que esse valor, já ouvi até R$ 2 milhões, pode ser usado para diversas outras coisas como segurança e saúde. Faltam médicos e atendimento à população’, criticou.
O corretor de imóveis mauaense Samuel Maia, 62 anos, morador do Jardim Zaíra há 54 anos, acredita em uma manobra parlamentar para não devolver as verbas à Prefeitura. “Acho um absurdo esse valor tão elevado, mas é uma forma que eles (vereadores) têm de gastar o dinheiro repassado pela Prefeitura e não precisarem devolver no final do ano. Se toda a comunicação pública já funciona através das redes sociais, não sei a utilidade de uma TV para isso”, afirmou Maia.
Ele utiliza com frequência o terminal rodoviário da cidade e acredita que o dinheiro estimado para a TV Câmara poderia ser redirecionado para melhorias no local. “Você precisa ver o que fizeram com o terminal. Não tem banheiros, falta refeitório para os funcionários, teve um atropelamento recentemente, falta segurança e sinalização.”

Voto contra
Um dos 7 votos contrários ao projeto, o vereador Alexandre Vieira da Costa (Avante), o Alexandre da Adega, disse que Mauá passa por um momento difícil e que deveria investir em outras áreas. “Nunca falei que uma TV Câmara não seria importante, mas estamos no final do ano e as crianças ainda não receberam os uniformes, faltam médicos, remédios e o que seria gasto com esse projeto poderia voltar para a Prefeitura investir nestas áreas que necessitam mais. Meu telefone não para de tocar com pedidos de socorro da população em vários problemas.”
Para o presidente da Casa, são rasas as críticas que apontam a devolução da verba para outras áreas. “O que está cotado e reservado para Educação e Saúde são verbas já estipuladas e não é o duodécimo da Câmara que vai mudar alguma coisa. O prefeito Marcelo já gasta as maiores verbas nestas áreas. Além disso, em alguns anos o dinheiro do Legislativo que voltou para a Prefeitura foi investido em campo de futebol”, disse Juninho Getúlio.
Duodécimo é o valor mensal repassado pela Prefeitura à Câmara, que devolve os valores não utilizados ao final de cada ano.
Em fase de contratação da empresa responsável pelo serviço, ainda estão sendo acertados detalhes da grade de programação. O presidente também pretende convidar entidades sociais, Defensoria Pública e OAB para atuarem com voz ativa na TV.
Histórico
No dia 12 de abril de 2018, o então presidente da Casa Admir Jacomussi assinou uma resolução aprovada pelos parlamentares criando a TV Câmara de Mauá online.
A TV “original” tinha a intenção de transmitir as sessões, realizar entrevistas com vereadores sobre projetos e também trazer pautas e programação de interesse da sociedade. A versão de 2025, aprovada pela resolução 33, de 28 de outubro deste ano, moderniza e expande a iniciativa original lançada há 7 anos.
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