EDUCAÇÃO FINANCEIRA DOS FILHOS

É fato que queremos o melhor para os nossos filhos. Antes mesmo de seu nascimento, já pensamos em como iremos mobiliar o quarto, quais roupinhas comprar e os utensílios necessários para que o tão esperado rebento chegue com todo conforto possível. Mas você já parou para pensar na importância que a educação financeira terá para eles? Reservar um valor todo mês para que ele utilize em seus estudos no futuro, ou mesmo para começar um negócio próprio pode fazer toda a diferença em suas vidas, além é claro de ensinar como funciona o mundo das finanças e qual o papel do dinheiro em nossas vidas. Começar desde cedo a pensar nesse tema trará tranquilidade e grandes oportunidade para você.

Não lamente se não teve a educação financeira presente em sua infância e adolescência. Infelizmente esse é um tema relativamente novo aqui no Brasil, e são comuns pais que tem receio de dedicar tempo na educação financeira dos filhos por ter a ilusão de que não terão o que ensinar. Dedique parte do seu tempo o quanto antes ao assunto, pois os benefícios serão transmitidos aos seus filhos através dos conceitos financeiros, mas, acima de tudo pelo seu exemplo, que sem sombra de dúvidas é o maior aprendizado que seus eles podem ter.

Para famílias que tem um bom planejamento financeiro e que tem uma vida mais simples em termos de custos fixos e maiores experiências, a chegada dos filhos não compromete o orçamento doméstico, pois basta efetuar algumas alterações nos gastos flexíveis e direcionar para os cuidados com o bebê. Além disso, outro ponto importante é que com as finanças equilibradas, já é possível começar uma excelente educação financeira com as crianças, ensinando conceitos básicos de forma lúdica, como o verdadeiro papel do dinheiro, como ele é conquistado e para que será utilizado.

Um instrumento que poderá ser utilizado na educação financeira quando a criança tiver discernimento do que é o dinheiro é a mesada. Seu principal papel é de educar os filhos a fazer boas escolhas, e a ensinar a importância de equilibrar entradas e saídas de recursos. A criança tem que ter consciência de que o dinheiro faz parte do orçamento familiar e que todas as decisões de como utilizá-lo serão tomadas em conjunto, inclusive as regras e valores da própria mesada, que deve ser ajustada de acordo com o perfil de consumo da criança, e ao menos uma vez na semana conferir como foi utilizado, onde será o momento ideal de aprendizado com os pais.

Existem diversos instrumentos no mercado para auxiliar na educação financeira dos filhos. Para os menores, a ideia do cofrinho ainda é bastante efetiva, pois dará a percepção à criança do esforço em acumular recursos para a compra do brinquedo que tanto deseja. Para os maiores, podemos utilizar o conceito do efeito dos juros sobre o dinheiro caso eles queiram comprar algo fora do combinado. Uma planilha em Excel irá auxiliar os pais no controle da mesada, mostrando de forma educativa todos os conceitos de finanças e as consequências causadas pela forma como o dinheiro foi utilizado. Um exemplo de conversa com seu filho(a) caso ele queira um brinquedo:

“Você quer comprar um videogame no Natal? Vamos verificar quanto ele custa? Agora vamos descobrir o valor necessário a poupar mensalmente para comprá-lo. Com o valor poupado mês a mês, ainda será necessário cortar outros itens, como o lanche às sextas-feiras na escola e deixar de comprar outros brinquedos no dia das crianças. Topa o desafio?”

 

No exemplo acima podemos introduzir alguns conceitos sobre o dinheiro, como:

  • Planejamento para as compras;
  • Priorizar objetivos;
  • Sacrifícios pontuais para conquistar algo desejado;
  • Ter um motivo forte para não desistir com as dificuldades;
  • O papel dos juros em nossa vida, tanto para aumentar, quanto para diminuir nosso patrimônio;
  • O valor correto do dinheiro em nossas vidas;
  • Entender que o dinheiro é escasso e temos que trabalhar para consegui-lo;
  • Conversar periodicamente sobre o assunto finanças, entre outros.

Outro ponto importante é que como pais, temos o instinto natural de proteger nossos filhos de todo mal que possa acontecer, inclusive em relação ao dinheiro, mas é importante que deixe seus filhos errarem, seja na compra de um brinquedo ou recebendo o troco errado. Crescemos e aprendemos mais com nossos erros, e com certeza é melhor fazer isso com brinquedos agora do que com carros e apartamentos no futuro.

Eu acredito muito no papel da mesada na vida dos filhos, principalmente nas lições de como tratar o dinheiro para conquistar tudo aquilo que se deseja, porém, existem alguns especialistas que discordam de seu benefício e é um contraponto bastante relevante, que, se por um lado a mesada ensina a ter organização, controle e disciplina, por outro passa uma sensação errônea de que sempre haverá dinheiro disponível. Em seu livro Educando Filhos para Empreender, o especialista em empreendedorismo e educação financeira João Kepler Braga diz que devemos acostumar nossos filhos à necessidade de trabalhar e não a esperar um “salário fixo” no final do mês ou semana.

Cabe aos pais definir o que é mais importante e relevante na educação de seus filhos. Tudo é uma questão de balancear os assuntos e não tratar as crianças como “miniadultos”, e sim como crianças em desenvolvimento. Não tente abordar o tema quando uma conta de luz chegar ou forçá-lo(a) a acompanhar como você faz o planejamento financeira da família. Um erro muito comum cometido por alguns pais é remunerar os filhos pelas obrigações ou pelo desempenho escolar. Atividades que são da educação da criança, como arrumar a cama, lavar a louça ou organizar seu quarto não devem ser remuneradas. Assim como a escola, que tem que ficar bem claro para eles que os pais trabalham para garantir uma excelente educação e que é obrigação deles se dedicar para se tornarem adultos independentes.

Trate o tema dinheiro de uma forma lúdica, que faça sentido para eles. Cada um tem o seu tempo e com certeza, quando eles pedirem para comprar um brinquedo ou figurinhas na banca de jornal, é o momento para introduzir o assunto com tranquilidade.

A saúde financeira dos adultos que eles irão se tornar vai depender dos valores e ensinamentos que nós, pais, iremos transmitir a eles desde pequenos. Obviamente que outras fontes de aprendizado serão importantes como, cursos, livros, especialistas e a experiência, mas de fato eles utilizarão os pais como o maior exemplo. É fundamental que como pais, comecemos a dedicar mais tempo ao assunto, conversar mais sobre dinheiro em família e contar com profissionais competentes para que nossas finanças sejam um exemplo positivo para nossos filhos.

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