Santo André

Adeus ao ‘Anjo Torto’: Jards Macalé, lenda da MPB, morre aos 82 anos

Adeus ao 'Anjo Torto': Jards Macalé, lenda da MPB, morre aos 82 anos
Adeus ao ‘Anjo Torto’: Jards Macalé, lenda da MPB, morre aos 82 anos. Foto: Divulgação

 

O cenário da Música Popular Brasileira perdeu uma de suas figuras mais originais e vanguardistas. O músico, cantor e compositor Jards Macalé morreu nesta segunda-feira (17), no Rio de Janeiro, aos 82 anos.

Autor de clássicos atemporais como “Vapor Barato”, Macalé estava internado em um hospital na Barra da Tijuca, na Zona Sudoeste do Rio, tratando de problemas pulmonares. A causa da morte foi uma parada cardíaca sofrida nesta segunda-feira.

A notícia foi publicada nas redes sociais oficiais do artista.

  Nota de Falecimento e Homenagem

A equipe de Jards Macalé lamentou a perda, destacando o espírito indomável do artista:

“Jards Macalé nos deixou hoje. Chegou a acordar de uma cirurgia cantando ‘Meu Nome é Gal’, com toda a energia e bom humor que sempre teve. Cante, cante, cante. É assim que sempre lembraremos do nosso mestre, professor e farol de liberdade. Agradecemos, desde já, o carinho, o amor e a admiração de todos. Em breve informaremos detalhes sobre o funeral. 🖤“Nessa soma de todas as coisas, o que sobra é a arte. Eu não quero mais ser moderno, quero ser eterno.” — Jards Macalé”

  O Vanguardista Avesso a Padrões

Nascido Jards Anet da Silva, no Rio, em 1943, Macalé iniciou sua trajetória na década de 1960. Sua primeira composição foi gravada por Elizeth Cardoso, em 1964.

Ele rapidamente se consolidou como uma voz singular, ganhando a alcunha de “anjo torto da MPB” — como citado pelo crítico Mauro Ferreira — devido à sua postura vanguardista, experimental e à notável recusa em se curvar a padrões comerciais.

  • Impacto Inicial: O grande destaque veio em 1969, com a marcante performance da canção “Gotham City” no IV Festival Internacional da Canção.

  • Álbum de Estreia: Em 1972, lançou o influente disco Jards Macalé, onde estabeleceu sua estética híbrida, que fundia com maestria rock, samba, jazz, blues, baião e canção.

  Legado em Canções Imortais

Macalé deixa um repertório de canções que se tornaram marcos na música brasileira, muitas delas imortalizadas nas vozes de gigantes como Gal Costa e Maria Bethânia.

Seus maiores sucessos incluem:

  • “Vapor Barato” (parceria com Waly Salomão)

  • “Hotel das Estrelas”

  • “Anjo Exterminado”

  • “Mal Secreto”

A cantora Maria Bethânia, que gravou obras de Macalé, manifestou seu carinho: “Meu amor, meu amigo… Fará muita falta neste mundo. 🌹”, postou em sua rede social.

  Parcerias e Liberdade Criativa

Macalé construiu sua obra em diálogo com alguns dos maiores poetas e letristas do país, incluindo Waly Salomão, Vinicius de Moraes, Torquato Neto e José Carlos Capinan.

Sua marca era a estranheza, a experimentação e uma absoluta defesa da liberdade criativa, uma postura que o aproximou de artistas igualmente avessos às imposições das gravadoras da época, como Luiz Melodia. Macalé buscou a eternidade na arte, em vez da modernidade fugaz, deixando um vasto e rico legado para a cultura brasileira.

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