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Conselho Universitário pede paralisação e exige renovação na gestão da Fundação do ABC

Conselho Universitário pede paralisação e exige renovação na gestão da Fundação do ABC
Conselho Universitário pede paralisação e exige renovação na gestão da Fundação do ABC. Foto: Divulgação

O Conselho Universitário do Centro Universitário da Faculdade de Medicina ABC (FMABC), órgão máximo de deliberação da instituição, lançou oficialmente nesta segunda-feira (17/11) um “Manifesto pela Renovação da Gestão da FUABC”. O documento não apenas denuncia a gestão atual, mas convoca uma paralisação de toda a comunidade acadêmica para esta quarta-feira (19.11).

A mobilização ocorre na mesma semana crucial em que os prefeitos de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul devem se reunir para definir o nome que presidirá a Fundação do ABC (FUABC) no biênio 2026-2027.

Quebra de Estatuto e “Asfixia Financeira”

A principal reivindicação do Conselho é o fim do ciclo do atual presidente, Luiz Mário Pereira de Souza Gomes, que, segundo o manifesto, vem se revezando na presidência e vice-presidência nos últimos oito anos.

O colegiado aponta a violação do Estatuto da FUABC, que prevê:

  • Mandato de dois anos, com apenas uma reeleição.

  • Rodízio obrigatório na indicação da presidência entre as prefeituras consorciadas (Santo André, São Bernardo e São Caetano).

“A continuidade sucessiva de um mesmo nome, proveniente de um único município, viola o espírito estatutário, compromete a alternância de poder e desequilibra a governança tripartite que sustenta a Fundação desde sua origem,” diz um trecho do manifesto.

Além disso, o Conselho Universitário denuncia a “asfixia financeira imposta pela FUABC ao FMABC desde 2018”, alegando retenção de repasses que somam “dezenas de milhões de reais”, prejudicando as atividades acadêmicas e assistenciais, apesar da faculdade manter a excelência com notas máximas em avaliações do MEC.

Críticas à Expansão da Fundação

O manifesto também expressa grave preocupação com a gestão marcada por uma expansão “desordenada” da FUABC como Organização Social de Saúde (OSS). A Fundação, que hoje administra cerca de 35 mil funcionários e projeta faturamento de R$ 4,5 bilhões para 2026, estaria negligenciando sua missão originária de sustentar o Centro Universitário FMABC.

O documento cita ainda “denúncias públicas e investigações sobre má gestão e irregularidades” em contratos da Fundação, amplamente divulgadas pela imprensa.

Prefeitos Falam em Consenso, mas conselho fala em Mudança

A pressão da comunidade acadêmica ocorre em meio às discussões entre os prefeitos, que buscam um nome de consenso para a presidência da Fundação. Na última sexta-feira (14/11), o prefeito de São Bernardo, Marcelo Lima, garantiu que “pela primeira vez o nome será escolhido por consenso”. No sábado (15/11), o prefeito de Santo André, Gilvan Ferreira, reiterou a busca por um consenso, mas admitiu que a definição ainda não estava fechada.

Ambos os gestores, no entanto, asseguraram que irão respeitar o resultado da eleição interna para Reitor, na qual o farmacêutico-bioquímico Fernando Fonseca foi aprovado pelo Conselho Universitário por 41 votos a um.

Três Exigências do Conselho Universitário

Para resolver a crise de gestão e financeira, o Conselho Universitário do FMABC apresenta três demandas cruciais aos prefeitos:

  1. Indicação Imediata de um Novo Presidente: Romper com o ciclo de reeleições sucessivas e restabelecer o rodízio estatutário.

  2. Instauração de Auditoria Independente: Apurar a real situação econômico-financeira da FUABC e possíveis inconformidades administrativas.

  3. Escolha de uma Liderança Comprometida: O novo presidente deve se dedicar a fortalecer o FMABC, respeitando sua autonomia e o caráter público-formador da instituição.

A paralisação desta quarta-feira (19/11) foi aprovada como uma medida para reforçar e assegurar o atendimento dessas demandas, defendendo a autonomia universitária e a sustentabilidade da instituição de ensino.

Outro lado

O ABCD Jornal procurou a Fundação do ABC que emitiu uma nota oficial

Leia a íntegra :

“Santo André, 17 de novembro de 2025

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Em atenção ao pedido de informação, a Fundação do ABC esclarece que a escolha do presidente da entidade não é atribuição de sua mantida, o Centro Universitário FMABC. A Presidência da FUABC é definida exclusivamente pelos prefeitos dos municípios instituidores – Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul –, legítimos proprietários da Fundação e do próprio Centro Universitário. Portanto, não cabe à FMABC reivindicar a definição do nome, tampouco estabelecer prazos para a escolha do novo presidente, uma vez que essa decisão será tomada pelos municípios instituidores no momento oportuno e encaminhada ao Conselho de Curadores, conforme previsto no Estatuto e demais instrumentos normativos e legais.

Em relação à Carta Aberta publicada pela FMABC, a Fundação do ABC esclarece que o Centro Universitário FMABC é uma unidade mantida da FUABC, com autonomia acadêmica e gestão administrativa vinculada às normas e instrumentos legais da mantenedora.

Dessa forma, as informações divulgadas pela FMABC partem de um equívoco de interpretação acerca de aspectos administrativos e financeiros, que estão devidamente amparados pelo Estatuto, Regimento Interno e demais instrumentos que regem a relação entre a mantenedora e sua mantida.

A Fundação do ABC reafirma que não tem nenhum tipo de dívida com sua unidade mantida e suas ações se pautam pelos princípios de legalidade, transparência, responsabilidade e compromisso com a educação e a saúde pública, atuando em estrita conformidade com a legislação vigente e com os instrumentos que regem a instituição. Assim, as alegações apresentadas carecem de fundamento técnico e não refletem a realidade administrativa da entidade.

Por fim, vale destacar que, em 2019, por iniciativa própria, a Fundação do ABC buscou o Ministério Público do Estado de São Paulo para firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) procedimental, homologado em 2020, tornando-se a primeira entidade do gênero no País a adotar voluntariamente esse tipo de instrumento. O objetivo foi fortalecer práticas de transparência, integridade e governança. Desde então, a FUABC mantém rigorosos programas de compliance, auditorias interna e externa, canal de denúncias independente, código de ética e conduta, políticas anticorrupção e mecanismos de controle aplicados a todas as suas unidades.

A Fundação do ABC reforça que segue plenamente dedicada ao aprimoramento contínuo de seus processos, ao atendimento integral às políticas institucionais e às exigências legais, sempre pautada pela transparência e pela observância irrestrita ao TAC e às Recomendações do Ministério Público.

Atenciosamente,

Fundação do ABC”.

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